O que são as Smart Cities (cidades inteligentes)? Quais os benefícios?

Cada vez mais, as principais cidades do mundo lutam para se transformarem em espaços mais inovadores através das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A sua utilização não só implica melhorias na prestação de serviços, mas também abre caminho para transformar as cidades em verdadeiras smart cities.

Para ser classificada de “cidade inteligente”, não basta ser sustentável apenas numa única área. A implementação de novas tecnologias, a participação dos cidadãos na vida pública, a procura por eficiência na gestão dos recursos disponíveis, aumentando a qualidade de vida dos cidadãos e dos visitantes, são algumas das características que tornam uma cidade inteligente.

Podemos dizer que a evolução das smart cities ou cidades inteligentes está em ascensão, fazendo com que cada vez mais cidades entrem neste plano. No entanto, aquelas que não o são, sabem o que é uma cidade inteligente e quais os benefícios que podem trazer tanto para os cidadãos como para as instituições.

Mas, afinal, o que são as smart cities?

Para começar, é importante saber o que é uma smart city ou cidade inteligente, as dimensões, características e qual objetivo deste conceito.

Quando falamos em smart cities estamos a referir-nos àquelas cidades onde foi incorporado um funcionamento otimizado de todas as administrações, sejam elas públicas ou privadas em temas que envolvem a planificação urbana, cidades sustentáveis e inclusivas, meio ambiente, e muitos outros, sempre com o objetivo de satisfazer os cidadãos e as instituições.

As três dimensões das cidades inteligentes

As cidades inteligentes evoluem na direção de uma forte integração de todas as dimensões da inteligência: humana, coletiva e artificial, disponíveis numa cidade. São construídas como aglomerados multi-dimensionais, combinando as três dimensões principais.

A primeira dimensão está ligada às pessoas: a inteligência, a inventividade e a criatividade dos indivíduos que vivem e trabalham na cidade. Esta ‘cidade criativa’, que agrega os valores e desejos da ‘nova classe criativa’, constituída pelo talento e conhecimento de cientistas, artistas, empresários, capitalistas de risco, além de outras pessoas criativas, que têm enorme impacto na determinação de como é organizado o espaço de trabalho e, portanto, se as empresas vão prosperar, e se a cidade vai desenvolver-se ou não.

A segunda dimensão tem a ver com a inteligência coletiva da população de uma cidade: a capacidade de comunidades humanas cooperarem intelectualmente na criação, na inovação e na invenção; a aprendizagem e o processo criativo coletivo realizados através de trocas de conhecimento e de criatividade intelectual; a capacidade de um grupo organizar-se para decidir acerca do seu próprio futuro e controlar as formas de atingi-lo em contextos complexos. Esta dimensão é baseada nas instituições da cidade que permitem a cooperação no conhecimento e na inovação.

A terceira dimensão está relacionada com a inteligência artificial inserida no ambiente físico da cidade, e disponível para a sua população: as infra-estruturas de comunicação, os espaços digitais e as ferramentas públicas para a solução de problemas disponíveis para a população da cidade.

Conceitos

Assim, o conceito de “cidade inteligente” integra todas as três dimensões mencionadas de uma aglomeração: os seus espaços físicos, institucionais e digitais. Consequentemente, o termo “cidade inteligente” descreve um território com:

1. Atividades bem desenvolvidas relacionadas ao conhecimento, ou grupos de tais atividades;

2. Rotinas de cooperação social, permitindo o que o conhecimento e o know-how sejam adquiridos e adaptados;

3. Um conjunto desenvolvido de infra-estruturas de comunicação, espaços digitais e ferramentas de conhecimento e inovação;

4. Uma habilidade comprovada de inovar, gerir e resolver problemas que apareçam pela primeira vez, uma vez que a capacidade de inovar e gerir a incerteza são os fatores críticos para se medir a inteligência.

Características

Quando falamos sobre as características das smart cities, podemos citar o seguinte:

  • Planeamento urbano eficiente;
  • Melhoria da sustentabilidade ambiental;
  • Tecnologias aplicadas à educação e à saúde;
  • Sistema de comércio eletrónico;
  • Dados partilhados: open data.

Se falamos dos objetivos que as smart cities têm, podemos dizer que permitem satisfazer as necessidades bem como unir o modelo urbano com a defesa do meio ambiente, a rentabilidade económica e a eficiência energética. Além disso, as smart cities levam em consideração os cidadãos e as suas opiniões para ajudar no desenvolvimento do próprio sistema.

Sabendo agora o que são e quais as funções que têm para cumprir os objetivos a que se propõem, podemos mencionar os benefícios que as smart cities colocam “em cima da mesa” e, assim, mostrar que são uma opção que as cidades devem implementar.

Os benefícios das cidades inteligentes

As smart cities proporcionam vários benefícios, tanto para as instituições como para os cidadãos e o meio ambiente.

Estreita relação com a internet das coisas ou internet of things (IoT). As smart cities e a IoT estão intimamente ligadas pelo facto dessas cidades usarem as novas tecnologias que vão surgindo graças à IoT. Um exemplo que pode ser dado é o aparecimento de novas lâmpadas, que detetam a presença de pessoas num certo local e que se apagam automaticamente quando já não está ninguém.

Melhora a relação com os cidadãos, pois graças a eles conseguem fazer melhorias, corrigir e criar novas ideias. Nas smart cities são utilizados sistemas tecnológicos que são cada vez mais utilizados pelo ser humano. Além disso, criam-se experiências de proximidade, como, por exemplo, a possibilidade de, através do acesso a alguns dados do governo, os cidadãos acederem a essa informação e verificarem a transparência do Estado. E é preciso ter em consideração que, dentro das smart cities, as instituições são muito mais ativas no meio digital, para que o cidadão esteja a par de tudo o que está a ser feito e, eventualmente, dê opiniões ou ideias.

As smart cities protegem mais o meio ambiente. Como já se sabe, a luta para cuidar do meio ambiente é um ponto muito importante; nos dias atuais, estamos em procura constante de formas de o proteger. Em tudo isso, as smart cities estão mais adiantadas, por serem as que mais utilizam energias renováveis de modo a reduzir o aumento de gases de efeito estufa, os resíduos nos oceanos e o lixo nas ruas. Tudo isso graças à implementação de sensores de qualidade do ar e medidas governamentais aplicadas à proteção do meio ambiente.

Por definição, cidades inteligentes são aquelas que usam tecnologia para criar melhores infra-estruturas. Do transporte público à poupança de energia, estas cidades não procuram apenas ser modernas, mas sim reduzir o consumo de energia, evitando que os consumidores estejam em procura constante de eletricidade mais barata, e ainda a cuidar do meio ambiente e garantir que as pessoas que nele habitam tenham uma qualidade de vida maior.

Melhoria da mobilidade

As smart cities procuram contribuir para a melhoria do tráfego de veículos, da redução de congestionamentos, bem como facilitar a deslocação nos transportes públicos, evitar longas filas e, ainda, projetar espaços que favoreçam a deslocação a pé, evitando o uso de veículos e assim, reduzindo a poluição.

Cidades mais habitáveis

O planeamento dessas cidades tem como um dos seus objetivos o conforto dos seus habitantes. Para atingir esse objetivo surgem diferentes fórmulas, incluindo a melhoria da gestão da água, maior segurança, mais espaços verdes e recolha de lixo mais eficiente, etc.

Como podemos concluir, as smart cities oferecem grandes benefícios, tanto para as instituições como para os cidadãos. A decisão de implementá-las nas nossas cidades é expectável, porque favorece fortemente a melhoria da qualidade de vida das pessoas e ainda colabora na luta pela proteção do ambiente.

Onde se localizam as sete smart cities mais famosas do mundo!

1.Amsterdão

A capital da Holanda desenvolve desde 2009 um projeto chamado “Amsterdam Smart City”, que reúne empresas privadas, órgãos públicos, ONG’s e os cidadãos.

O objetivo da iniciativa é desenvolver novas tecnologias que diminuam a emissão de gases tóxicos e o gasto excessivo de energia. Além da infraestrutura moderna, o programa visa mudar o comportamento dos habitantes da cidade, proporcionando um ambiente sustentável para todos.

As inovações concebidas no projeto são aplicadas primeiro em pequena escala e depois, caso aprovadas por um concelho gestor, são colocadas em prática em toda a cidade.

2. Copenhaga

A Dinamarca é um dos países com melhor índice de desenvolvimento do mundo, assim como as outras nações nórdicas.

Em Copenhaga, foi desenvolvido um sistema de trocas de informação para que, empresas, governos e empreendedores pudessem colaborar com o intuito de trazer melhorias para a comunidade.

Também existiu muito investimento em educação, habitação e transportes públicos de qualidade. O resultado é uma geração de pessoas capacitadas e prontas para lidar com os avanços da era da informação.

Hoje, a capital da Dinamarca é conhecida como uma das principais smart cities. A população foi incentivada a deixar os carros na garagem e utilizar meios de transportes mais limpos, como a bicicleta.

Com menos automóveis nas ruas, os semáforos inteligentes desligam automaticamente, poupando eletricidade e cortando os custos de fornecimento.

A meta do país é atingir zero emissões de gás carbônico até 2025, fazendo uso de energia solar e eólica.

3. Curitiba

As smart cities no Brasil também já colhem os frutos de um modelo sustentável de urbanização. A cidade de Curitiba, no Paraná, é exemplo de planeamento urbano, mobilidade e qualidade de vida da população.

A administração pública investiu num sistema de transporte rápido e eficiente, que faz uso de tecnologia de ponta na operação diária.

A qualidade do serviço é aprovada pela população, já que cerca de 70% das pessoas dão prioridade à utilização dos transportes públicos.

Capital com a melhor qualidade de vida do Brasil, a cidade conta com bibliotecas digitais, que facilitam o acesso à cultura e à educação.

4. Nova York

A maior metrópole dos Estados Unidos sempre foi inovadora quando se trata de desenvolvimento urbano. Em 2017, a cidade recebeu o título de mais inteligente do mundo.

A cidade de Nova York, em parceria com uma empresa de tecnologia, desenvolveu um novo sistema telefónico, que deu acesso à internet a todos os residentes.

A plataforma também traz informações importantes para a população, como eventos sociais, notícias dos bairros, opções de entretenimento e alertas de segurança.

5. São Francisco

Na costa oeste americana, a cidade de São Francisco assumiu o protagonismo tecnológico da Califórnia, com ações que estimulam a criação de novas fontes de energia, colaboram para a mobilidade urbana e facilitam a vida das pessoas.

A cidade já é o lugar do mundo com o maior número de casas sustentáveis, que são fabricadas seguindo normas certificadas de controlo e mitigação dos problemas provocados pela emissão de poluentes na natureza.

Para atender à procura que o crescimento económico tem provocado, existem iniciativas que estudam opções de transporte partilhado e o desenvolvimento de carros autônomos.

6. Singapura

Essa cidade-estado está no caminho para se tornar completamente inteligente nos próximos anos. O investimento em tecnologia já permite que infrações cometidas em qualquer lugar sejam identificadas e os responsáveis autuados.

Por exemplo: quando uma pessoa está a fumar num local proibido ou atira lixo para a rua, o sistema emite um alerta e as providências são tomadas de imediato.

Para facilitar a comunicação entre os serviços públicos, Singapura tem a internet mais rápida do planeta, que proporciona sistemas eficientes de transporte coletivo, programas de preservação ambiental e capacidade de produção de energia limpa.

7. Tóquio

Capital do Japão é sinônimo de tecnologia e futurismo. Com mais de 10 milhões de habitantes, os prédios e casas de Tóquio têm sistemas inteligentes de uso de energia, que reduzem o desperdício e geram economia.

As maiores empresas japonesas são incentivadas a criar facilidades e melhorias para a sociedade.

A Panasonic, por exemplo, construiu um bairro inteiro sustentável, onde as casas têm aparelhos de consumo eficiente de energia, sistemas de tratamento de lixo e esgoto e conectividade com a internet.

Durante os Jogos Olímpicos, diversas iniciativas sustentáveis foram colocadas em prática, para diminuir os impactos das obras no meio ambiente. Para termos uma ideia, as medalhas distribuídas aos atletas foram construídas com peças usadas de telemóveis e computadores.

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