O que é um Digital Twin?

Antes de mais, é importante esclarecer que Digital Twin é um conceito aplicado a muitas indústrias e realidades. No entanto,  baseia-se na mesma definição, “uma representação virtual que serve como contrapartida digital em tempo real de um objeto ou processo físico” [1].

Na indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), Digital Twin destina-se à representação de edifícios construídos. Podemos tomar como exemplo a construção do Hotel B&B Guimarães e do seu Digital Twin. No final da sua construção e entrega ao dono de obra, para além de termos um edifício construído, teremos também uma réplica digital exata dinâmica que interagirá em tempo real com a sua réplica física.

Building Information Modelling (BIM) e Digital Twin são a mesma coisa?

É fácil confundir BIM com Digital Twin. É verdade que ambos os termos se referem a modelos 3D que representam um edifício. Contudo, BIM é uma réplica estática, o que significa que não muda ao longo do tempo juntamente com o edifício físico. Por outro lado, Digital Twin acompanha a mudança do edifício ao longo do tempo e atualiza o modelo à medida que estas mudanças ocorrem.

Outro aspeto a analisar é o objetivo principal de cada um, para o BIM é o edifício, enquanto que para um Digital Twin é a interação do edifício com fatores externos relacionados com dados físicos e ambientes virtuais.

Embora o Digital Twin não requeira necessariamente um modelo baseado no BIM para a sua conceção, existe uma forte relação entre o BIM e o Digital Twin. Esta relação reside na capacidade do BIM de criar modelos multidisciplinares e de integrar sistemas e dados ao longo das fases de conceção e execução de um projeto. Por esta razão, BIM é por excelência o ponto de partida e a forma mais eficiente de desenvolver um Digital Twin de qualidade.

Estou confiante de que, com o tempo, o Digital Twin se tornará um ponto-chave no processo BIM.

Como é feito um Digital Twin?

Para começar a construir um Digital Twin, existem quatro etapas principais:

Outro aspeto importante a ter em conta durante o processo de criação de um Digital Twin é o seu nível de maturidade e a sua capacidade de transformação digital.

De seguida, passo a apresentar os níveis de Digital Twin e as suas palavras-chave, tal como definidas pela Autodesk [2].

• Descritivo (Nível 1): Replicação Visual; Tempo Real; Informação de Construção.
• Informativo (Nível 2): Internet das Coisas (IoT); Dados de operação de construção.
• Preditivo (Nível 3): Dados de contexto; Análise de dados.
• Abrangente (Nível 4): Modelação; Simulação; Recomendações para cenários possíveis.
• Autónomo (Nível 5): Inteligência Artificial (IA); Julgamento.

Uma vez estruturado o Digital Twin, é possível identificar o seu nível. O DTC é até agora classificado como um Digital Twin de nível 2.

Que benefícios podemos obter com um Digital Twin?

Também é importante destacar os benefícios ligados ao desenvolvimento deste produto do ponto de vista do Grupo Casais, dos donos de obra e da indústria AEC.

Para o Grupo Casais, a implementação de um Digital Twin em linha com as fases de conceção e construção de um edifício permitirá uma partilha coerente de informação entre as diferentes empresas do grupo.

Assim, garante um ótimo serviço de gestão de ativos, e a utilização de todos os dados gerados durante as fases anteriores à conclusão da obra, ao longo de toda a vida útil do edifício. Digital Twin permite poupar tempo na elaboração de planos de manutenção, bem como o acesso remoto e em tempo real a todos os sistemas de edifícios. Desta forma, dá aos gestores de instalações e donos de obra, a capacidade de delinear planos de manutenção centrados nos ativos de maior interesse, de forma mais rápida e precisa.

Melhor serviço, mais satisfação. Mais satisfação, mais clientes.

Para os donos de obra, Digital Twin fornece a capacidade de monitorizar todas as suas operações eficientemente a partir do primeiro dia, numa única ferramenta. O acesso a uma visão global do comportamento dos sistemas de um edifício ajuda na tomada de decisões. Assim, com a análise do desempenho e dos dados gerados a cada segundo por um edifício, é possível definir rotinas de manutenção quando estas são realmente necessárias, reduzindo os custos e otimizando a utilização dos ativos.

Digital Twin procura colmatar a gigantesca lacuna entre as fases de conceção e construção e a fase de operação e manutenção. Este é um dos maiores desafios na indústria da AEC.

A fim de realçar o potencial do Digital Twin, os números devem ser mostrados:

• Até 2025, 89% das plataformas IoT conterão alguma forma de Digital Twin [3].
• O COVID-19 acelerou o desenvolvimento de soluções de gestão remota e segura de bens, 31% destas soluções baseavam-se em Digital Twin [4].
• O mercado global de Digital Twin foi avaliado em 3,1 mil milhões de dólares em 2020 e prevê-se que atinja 48,2 mil milhões de dólares em 2026 [5].

Estamos perante uma imensa oportunidade de digitalização na nossa indústria.